Saiu do forno a nossa nova tradução do Manifesto contra o Trabalho

Há vinte anos foi publicada a primeira edição alemã do “Manifesto contra o trabalho”. Quase simultaneamente, circulou no Brasil uma tradução para o português, em edição limitada, divulgada pelo geousp/labur. Esse mesmo texto serviria de base para a publicação do Manifesto pela editora Conrad, em 2003. Uma nova tradução apareceu no mesmo ano, em Portugal, a cargo da editora Antígona.

A tradução que agora oferecemos ao leitor, em colaboração com o grupo Krisis, é uma reelaboração das versões anteriores.

Esta nova edição em português celebra os 20 anos da publicação do texto original e destaca também a sua terrível atualidade.

Não se trata apenas de recolocar as ideias em circulação, mas de aprimorar a compreensão da crítica do trabalho de modo a voltá-la contra a nossa própria forma de pensamento.

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“Um cadáver domina a sociedade –
o cadáver do trabalho”

Manifesto contra o Trabalho

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Desde que publicamos o Manifesto contra o trabalho, há quase 20 anos, a crise fundamental do capitalismo não apenas se intensificou rapidamente do ponto de vista econômico, mas, cada vez mais, coloca em questão a própria existência da sociedade da mercadoria como um todo. A destruição dos fundamentos naturais da vida avança desenfreada, a fratura social do mundo atinge dimensões dramáticas e, no plano político, assistimos a um retorno assustador das identidades coletivas, juntamente com o ressurgimento de partidos e movimentos nacionalistas, de extrema-direita e populistas de esquerda. Não é surpreendente que a exaltação quase religiosa do trabalho não tenha sofrido com isso, uma vez que ela expõe um elemento constitutivo da subjetividade moderna e indica a posição central do trabalho na sociedade capitalista. No entanto, a orientação da ideologia do trabalho modificou-se em muitos aspectos desde a década de 1990. Naquela época, o ponto central era a celebração interminável da motivação individual de desempenho, conforme o lema neoliberal segundo o qual cada um era responsável pela própria sorte. Desde então, a invocação do trabalho deslocou-se cada vez mais para o centro das construções de identidade coletiva, flanqueando ideologicamente a delimitação nacionalista e a exclusão racista. Soma- se a isso a bem conhecida oposição com conotação antissemita entre o “trabalho honesto” e o “capital financeiro parasitário”, que experimentou um renascimento no decorrer do processo ininterrupto de crise.

Extrato do Adendo à quarta edição alemã, de Norbert Trenkle,
que acompanha esta edição

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Vinte (e um) anos após seu lançamento, o cadáver anunciado na primeira frase do Manifesto contra o trabalho [Manifest gegen die Arbeit, 1999] — “Um cadáver domina a sociedade: o cadáver do trabalho” — reuniu os trabalhadores de todo o mundo (reunidos enquanto cindidos e sem trabalho…) num empreendimento catastrófico global digno da analogia ao apocalipse (ou não estamos hoje num sistema produtor de imagens do fim do mundo?). Nesse texto (anti)clássico da crítica do valor [Wertkritik], escrito na Alemanha dez anos após a queda do muro entre os supostos dois mundos (capitalista e socialista), a seita Krisis (como se refere Paulo Arantes) revela como aquilo que aparece como valor ontológico do humano que produz seu próprio mundo (o trabalho como nossa essência social!) se constitui, historicamente de fato, como uma amálgama de ideologias-mistificações modernas amarradas ao entorno de um núcleo duro : o fetichismo da forma social da mercadoria. Na “moral da história”, o Manifesto contra o trabalho nos convoca a pensar como a emancipação humana necessária (única saída para salvar a humanidade e o planeta) passa por derrubar, antes de mais nada, os modernos credos do Trabalho – deus sacrificial do capitalismo como religião.

Rachel Pach (Ed. Igra Kniga)

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Manifesto contra o trabalho
Krisis / Igra Kniga
Tradução: Javier Blank / Marcos Barreira
75 páginas
ISBN: 978-65-990885-0-6

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Assim que possível realizaremos lançamentos presenciais. E daqui a pouco o livro chegará em alguns pontos de venda em São Paulo e no Rio de Janeiro.

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